Intervenção política

terça-feira, março 08, 2005

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Nova Iorque. 1857, 8 de Março. As operárias têxteis de uma fábrica entram em greve e ocupam as instalações. Recebiam menos de um terço do salário dos homens e reivindicavam a redução do horário de trabalho de mais de 16 horas diárias para as dez horas. Fecharam-nas na fábrica que começou a arder. Cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em sua homenagem, numa conferência internacional na Dinamarca, em 1910, decide-se marcar esta data no calendário como "Dia Internacional da Mulher". O tributo perdura com novas causas como a violência doméstica e o desemprego em debate no nosso país e no mundo.

Elas permanecem as mais afectadas no nosso país, pela falta de trabalho, já que diversos sectores da indústria nacional que sobrevivia de mão-de-obra feminina está em crise, em ruptura. As fábricas, a Norte do país, fecham sucessivamente, atirando centenas para trabalhos menos qualificados como a prestação de serviços domésticos.

Para memória colectiva e que sirva para nunca mais acontecer.

Isabel Ferreira, engenheira electrotécnica e presidente do BEST, sabe desde os 16 anos, que chefiar homens e mulheres é igual. No Japão aprendeu karaté e deu aulas aos comandos. Há 20 anos, candidatou-se à IBM. Estava grávida. "Isso não é doença", responderam. E ficou. Ainda hoje há empresas em que se pergunta "Tenciona engravidar?" "E é inconstitucional", realça Helena Roseta. Isabel Ferreira chefia hoje 460 pessoas e não não faz distinções de género. "A minha avaliação é feita pela competência, atitude e potencial de desenvolvimento", refere. Helena Pinto, médica do Exército, é filha de militar e a única tenente-coronel do país. Entrou em 1990 para as Forças Armadas por concurso público."Concorri nas mesmas condições que os homens", diz, admitindo que existe uma certa "curiosidade" por ter seguido a carreira, sem nunca ter sido posta em causa, nem mesmo em acções de comando.Se a competência basta para ter sucesso nalgumas áreas, na política "não é a coisa mais importante". Para a ex-deputada socialista, Helena Roseta, nos partidos dominam "esquemas de fidelidade. Não há concursos públicos, há indigitações e quem não está nas boas graças, não fica", diz a bastonária da Ordem dos Arquitectos, dando como exemplo o caso de Sónia Fertuzinhos "Presidente das mulheres socialistas eleita, jovem, com três crianças e cheia de genica. E foi excluída".

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